Cidades

Moradores fazem mutirão no canal de Itaipu, em Niterói

Pescadores e moradores organizaram a ação. Foto: Paulo Oberlander/Colaboração

Cerca 30 pescadores e moradores da Região Oceânica de Niterói realizaram um mutirão para reduzir o banco de areia no canal que liga a Lagoa de Itaipu ao mar neste domingo (10). O grupo instalou uma faixa pedindo atenção do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e da Prefeitura de Niterói para a degradação da lagoa.

"Foi uma ação emergencial, mas simbólica. Abrimos uma vala e o canal respirou um pouco, mas sem uma dragagem na lagoa o canal pode fechar" afirmou o ativista ambiental Paulo Oberlander, que integrou as atividades.

Com a baixa vazão no canal ao longo da última semana, a comunidade local teme prejuízos para o sistema lagunar. Para o movimento Lagoa para Sempre, o mutirão foi uma tentativa de desobstruir o canal para salvar a fauna aquática.

"Apesar do fenômeno de obstrução temporária da barra de uma laguna fazer parte da dinâmica natural dos ecossistemas costeiros, o caso de Itaipu é preocupante, pois o canal está aberto há 40 anos e a fauna e flora locais se adaptaram nas últimas décadas ao atual nível de salinidade. Quando o canal se fecha e a troca para de ocorrer, pode piorar muito as condições de manutenção de peixes, crustáceos e aves da Laguna" alertou a entidade, em nota.

Para o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão, Axel Grael (Seplag), a baixa vazão no canal se deve à oscilação entre as condições de maré baixa e alta. Quando o nível das águas aumenta, o fluxo no canal retorna.

“Uma prova disso é que não há casos de mortandade de peixes na Lagoa de Itaipu. Isso não ocorreu nem quando houve mortandade na Lagoa de Piratininga. Ou seja, não houve, em nenhum momento, a obstrução do canal que liga a lagoa ao mar” afirmou.

O secretário atribuiu ainda o assoreamento no canal ao movimento natural de transporte longitudinal de sedimentos. O relatório de uma consultoria, encomendado pela Prefeitura Municipal de Niterói, apontou que as estruturas de fixação do Canal de Itaipu foram subdimensionadas. Assim, as condições ambientais da lagoa de Itaipu dependem das variações oceanográficas.

O Instituto de Meio Ambiente (Inea) foi procurado sobre a previsão de obras emergenciais no canal e dragagem das lagoas, mas ainda não retornou.

A lagoa de Itaipu forma, com a lagoa de Piratininga, um sistema lagunar do qual dependem diferentes atividades econômicas na Região Oceânica. Uma pesquisa do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontou que, se as condições de degradação persistirem, o sistema sofrerá assoreamento contínuo de 1,5 cm por ano e perda de 35% da área do espelho d'água em 30 anos.

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